Eu sei que arrisco cometer um exagero mas não me furto ao risco: faleceu o português mais valente, em toda a nossa história, na luta pela liberdade.
Emídio Guerreiro esteve, enquanto viveu a sua vida longa de cento e cinco anos, em praticamente todas as batalhas para que Portugal fosse um país livre e a Europa liberta das pestes totalitárias. Por isso, é ele, não outros, a grande figura do Século XX português. Metam-lhe quem quiserem ao lado, os resultados serão sempre imitações.
Bateu-se contra o fascismo português, esteve em Espanha a lutar contra o nacional-catolicismo franquista, em França fez a resistência à ocupação nazi, foi comunista até perceber que a causa pela liberdade não podia servir para a matar, continuou sempre a lutar pela ideia de um Portugal livre, liderou o PPD para que Vasco Gonçalves enlouquecesse sozinho sem arrastar o País para o manicómio da Utopia e só descansou no seu direito a uma velhice tranquila quando percebeu que a liberdade em Portugal era um bem consagrado.
Olhando para trás, para a História, para a nossa História, medindo Emídio Guerreiro face aos nossos outros heróis, só encontro aproximações. E uma ou outra imitação.
Hoje, é a História de Portugal que tem o direito a usar tarja negra.