Quem se lembrou de me fazer soldado e (pior) Oficial ou era maluco ou ditador. Ao ruído e rotina das casernas, sempre preferi o cheiro dos livros ou as fervuras químicas dando novas cores e novos compostos. E as guerras de que gosto são as discussões acaloradas que rasgam madrugadas e que terminam num empate e num abraço, não desperdiçando uma faísca pelo meio. Depois, se possível, fazer qualquer coisa para que as coisas andem melhor.
Quando me lembro que me fizeram soldado, Oficial até, mandando-me para a guerra a servir sacanas e combater irmãos, tenho as minhas dúvidas se acertaram no tempo que me calharam como juventude. Fosse só eu, essa seria a única razão pela qual valeria tanto desacerto. Mas não. Foram muitos, demais.
E depois, não é por nada, mas ninguém gosta de arriscar tudo em empresas inúteis. Como se ser-se soldado e (pior) Oficial não fosse pouco, mandaram-se para uma guerra inútil, estúpida, perdida na nascença, tentando virar a história de patas para o ar.
Lá andei, não disse não, feito soldado e (pior) Oficial. Cumpri. Safei-me. Não foi mau de todo. Agora ando aqui aos trambolhões com a memória, sobretudo pensando nos irmãos-camaradas que lá na guerra, de um e outro lado deixaram de trambolhar, mas não me canso de chamar crime contra a juventude portuguesa à epopeia da defesa do ultramar.
De
th a 7 de Outubro de 2005 às 00:32
Que delícia triste...este post! th
João Tunes,
Bom poste. Fiz-lhe referência no Puxa. Um abraço
"não me canso de chamar crime contra a juventude portuguesa à epopeia da defesa do ultramar".
100% de acordo.
Podemos sempre reflectir: quantas juventudes ainda são hoje sacrificadas aos caprichos de ditadores?
Um abraço.
Comentar post