
Só posso concordar com este
post de Ana Gomes. Pouco menos que ridícula a altíssima delegação governamental que atravessou o Mediterrâneo para bajular Kadafi e tentar sacar-lhe petrodólares.
Kadafi é um dos mais antigos ditadores de África, o seu sistema político é dos mais mistificadores que a esperteza saloia do pensamento político articulou entre aparência e essência e o seu prolongado passado de incentivo e apoio ao terrorismo e às causas exóticas e aventureiras não são passíveis de remissão por volte-faces geo-estratégicos. Para mais, e na parte que nos respeita, Kadafi e o seu regime apoiaram crimes de sangue e de soberania dirigidos contra Portugal nos apoios a Otelo e à FUP/FP 25 bem como o incentivo ao independentismo na Madeira e nos Açores.
Mas o mais chocante na delegação governamental, dirigida pelo Primeiro-Ministro, foi a inclusão do Ministro da Defesa na comitiva. Quando li a notícia, confesso que não entendi a que propósito este Ministro também fazia parte do beija-mão a Kadafi. Agora já fui esclarecido, pois o ministro não só participou nesta comitiva como já se havia deslocado individualmente à Líbia, havendo, em vista ou já a correrem, negócios de cooperação militar e de assistência técnica (em que um dos aspectos será a possibilidade de a OGMA fazer a manutenção dos muitos aviões líbios).
[Por este andar, teremos um dia destes, a GNR a dar treino para-militar aos CDRs cubanos...]Se os negócios não têm fronteiras nem cor, a vergonha e a decência democrática, deviam ter. Ou já nem isso?