Lá fui em saltada até à Serra do Açor, destino Pampilhosa da Serra, levando dois simpáticos e jovens companheiros para espetar com eles nos braços dos avós. Um matar saudades que lhes quis oferecer, sabendo o gozo imenso que dava às duas partes, e que me misturei para aproveitar boleia de carinho e como contra-veneno para que a alma não azede e comece por aí a engolir vinagre por perda de sabor ao que merece o nome do vinho bom da vida. E o espectáculo valeu para compensar o esforço de galgar serras na ida e volta tendo pouco mais que uma noite de intervalo.
A viagem está mais que sabida e quase sabendo de cor e salteado cada curva, cada recta de folga e cada vista que, mesmo de solaio, já está registada na memória. Os fogos rondam mas, por enquanto, estão longe da vista as suas cinzas e o castanho de destruição de árvores e mato.
Eis senão quando, saído do Pedrogão Grande, entro nessa sequência tripla das três localidades gémeas e quase pegadas entre si ladeando a estrada Picha, Venda da Gaita e Senhor dos Aflitos e que, normalmente, dá direito aos comentários do costume. Mas, desta vez, a chacota entupiu-se perante o espectáculo mais que desanimador. É que, sem que eu tenha dado por ter sido notícia gorda nos periódicos e telejornais,
Picha ardeu. E bem (o fogo envolveu as casas da localidade e chegou junto à sua bomba de gasolina). Não tendo tido disso notícia e por isso faltando-me o devido sobressalto, este País ia ficando sem Picha e não se safou sem que ela ficasse metida entre restos carbonosos de um valente churrasco. Se calhar fui o único a não saber. Ou então este desgraçado País já está por tudo e tudo disposto a perder e a churrascar. Sinal de que estamos mesmo nas últimas queimam-nos a Picha e o País muda ministros mas não muda de modorra. Nada se passa aqui?