Em mais uma das suas crónicas no
Público com que reforçamos a ideia que o suicídio é a única via para a sobrevivência dos portugueses e dos europeus,
VPV refere as virtudes americanas (exemplificando no campo do sucesso na educação e na incorporação tecnológica) e termina:
Contra isto, a França, a Holanda e a velha Europa têm o seu modelo social. Até não terem nada. Como se os caminhos que forjam povos e nações pudessem ser invertidos.
A idolatria neo-liberal tem destas coisas. E uma daquelas em que mais abusa a inventar dicotomias é entre o social e o mercado (quando o problema, nesta área, em vez de primado, resulta da diferença entre a competência e a incompetência em as conjugar).
A América nasceu selvagem, individualista e feita por imigrantes. E continuam a ser imigrantes os que renovam hoje a onda capitalista selvagem americana, agora falando castelhano com sotaques latino-americanos. Como são eles, os imigrantes mais recentemente chegados da América Latina, quem garante as vitórias de Bush. E tornam a América mais americana. Porque um imigrante recém-chegado aos EUA, a fazer pela vida, é logo americano dos pés à cabeça (em França, na Alemanha, na Holanda, é assim?).
A Europa teima em não querer adoptar a selvajaria mas confundindo-se sobre onde ela está. Sobretudo, a Europa, ao contrário da América, tem medo dos imigrantes. Primeiro, esse medo europeu dos imigrantes pintou-se de fascistóide e xenófobo, hoje uma parte (em crescimento) da direita democrática e da esquerda democrática (ou não) vai atrás das primeiras fatias eleitorais que se deslocaram da esquerda para a direita (melhor, para a extrema-direita) fixadas nesse medo. Um medo que cresceu a assobiar-se para o lado como se fosse uma fantasia de mau gosto. E a história, mal amanhada, da Turquia foi a gota de água a transbordar o copo da irresponsabilidade na lide com os medos.