Talvez a mais corajosa e pertinaz entre as mulheres portuguesas de todos os tempos que lutaram pela liberdade e mais sofreram por isso, nasceu a 6 de Outubro de 1893 e faleceu em 1983, quando tinha noventa anos de idade. Maria Lamas, uma inconformista lutadora que dedicou a maior parte das suas energias à luta pela igualdade entre os géneros e à causa da democracia. E como podia encarar isso o fascismo pidesco, como podia ele reagir perante uma mulher indómita e livre, ou seja, o oposto do paradigma feminino do ideal paroquiano e sacrista do salazarismo? Segundo o católico-fascismo à portuguesa, mulher era para obedecer ao marido, tratar do lar e encomendar almas em missas e no recato. Não podia ser de outra forma Maria Lamas pagou o seu preço de rebeldia, e que preço, pela perseguição, a prisão e o exílio. Além da luta cívica que nunca abandonou até ao fim dos seus dias, Maria Lamas deixa uma obra significativa e eclética como tradutora, escritora e jornalista.
Lembrá-la é um incentivo a que a luta pela liberdade e pela igualdade entre géneros não se dê como terminada. Que mais não seja, para que o património do muito que devemos a Maria Lamas não se esfume pelos buracos da memória.
Agradeço a lembrança da efeméride deixada
aqui e recomendo a leitura desta
nota biográfica.
Imagem: cabeçalho da ficha de Maria Lamas na Pide/DGS.