
Eu dizia: esta coisa saturou-se. E se rebentar é pelas costuras.
Porque acho que já cá tínhamos de tudo. Sobre tudo. De todos os gostos, para todos os gostos, com todos os feitios, incluindo os bons e os maus e, ainda pior, os assim-assim. A blogosfera já era melhor que uma etno-polis-ethos-culto-memo-farmácia. Supunha até que a energia da surpresa se tinha esgotado. O que viesse agora seriam reprises, sessões da meia noite, DVDs para adormecer no sofá, imitações que tivessem o fim frustado de tentar fintar o aviso cantante do Sérgio Godinho solenemente dirigido ao Casimiro. Mais umas tantas réplicas atrasadas de exercícios de narcisos e narcisas maduros e maduras e outros nem por isso mas para lá caminhando, mesmo daqueles a quem as fraldas os largaram há poucochinho. E assim achando, ia entendendo que continuar, eu teimar, era só pelo afinco serôdio de invocar que a antiguidade é um posto e tamanho que era pergaminho suficiente para aqui ainda estar.
Mas se o mundo é grande, a surpresa nunca é pequena. O que se resume a reconhecer que nunca conseguimos meter o mundo no bolso. Ninguém. E é o que nos vale e nos faz ter vontade de rir de qualquer ditador ou putativo candidato a tal
[na política não tenho a mesma certeza, mas sobre o gosto, ah isso garanto que sim].
Pois, a surpresa está aí -
este era o único
blogue que faltava. Um blogue sobre cinema, com equipa de luxo, e onde se escreve assim:
O cinema é uma amante exigente. Por muito que a tentemos domar, vulgarizar, misturar com centros comerciais, sofás, pipocas e afins, o Cinema resiste. Tem que resistir. A paixão que ela desperta pode muito bem ser um dos únicos sortilégios que temos para moldar o Tempo. Ou para fingirmos que ainda temos 15 anos, que a escola já acabou, que a tarde e a noite são nossas e o Cinema é aquilo que quisermos.O quê? O estimado visitante não gosta de cinema nem acha que dele precisa? Passa bem sem ele ou dele ouvir falar? Então porque bloga ou lê blogues? Deixe-se disso se desistiu de viver, vivendo-lhe as ilusões e as fantasias que tornam a vida viva - desligue o computador, corte com a internet, vá dar uma curva. E quando se perguntar o que é a vida, entre no cinema mais próximo. Vai encontrá-la, à vida. E vai gostar. Julgo, claro que não garanto que goste. Mas recomendo.